LIDANDO COM DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM

É PRECISO ACOLHER A CRIANÇA PARA QUE A ELA SE TORNE SEGURA

“É importante que o pequeno se sinta à vontade para expressar as dificuldades”, explica psicopedagoga

Em meio à tanta coisa nova que as crianças precisam lidar, é comum que a escola se torne, em algum momento, uma dificuldade. Por isso, é preciso que os responsáveis ajam da melhor forma possível. Pensando neste contexto, conversamos com a especialista em psicopedagogia Andrea Ladislau, que explica a importância dos cuidadores prestarem atenção nos sinais e, mais do que isso, agir sem mexer com a autoestima delas.

“No momento em que os pais ou responsáveis identificam algum grau de dificuldade da criança, seja ela cognitiva, de relacionamento ou de aprendizado de adaptação no ambiente escolar, é muito importante o acolhimento”, explica a profissional.

“É essencial fazer com que os pequenos se sintam acolhidos e consigam ter a liberdade para se expressar, colocar o que está incomodando para fora e dizer quais as dificuldades que ele está sentindo”, complementa.

Essa importância decorre do fato de que quando a criança reprime o sentimento, pode ocasionar alguns distúrbios de neurose que dificultam o aprendizado, além de comprometer a relação com os colegas e professores.

Por isso, Andrea Ladislau explica ser muito importante acolher e ter um olhar mais minucioso para o comportamento dos pequenos: “É preciso verificar se está tendo algum comportamento diferente, ter uma escuta ativa e sem críticas, além de fazer com que esse indivíduo consiga externar o que ele está sentindo”.

COMO LIDAR COM A PRESSÃO

Fato é quase ninguém gosta de ser pressionado e, principalmente, criticado. E não seria diferente com as crianças. Esse tipo de atitude, vindo de casa ou do ambiente escolar, pode ser prejudicial aos pequenos que estão em fase de desenvolvimento.

 “Isso ocorre porque o indivíduo se sente perdido e faz com que ele se sinta muitas vezes até desequilibrado dentro das suas relações. Então é muito importante que o adulto tenha uma postura de acolhimento, sem criticar ou julgar. Os efeitos de uma crítica, e de uma pressão intensiva em cima da criança, podem ser curto ou a longo prazo”, explica a especialista.

CUIDADO AO FALAR SOBRE AS DIFICULDADES

Andrea explica que é preciso levar algumas considerações ao falar sobre as dificuldades com as crianças: “Inicialmente, é muito importante deixar que ela se expresse e se coloque. Isso porque os adultos têm uma mania de se antecipar ao problema da criança e muitas vezes até de julgá-la. Primeiro, tente entender o lado dela. Quando o pequeno fala, ele tende a ganhar segurança e autonomia, pois sentirá que está tendo voz”.

Além disso, a especialista diz que é importante não exercer um papel punitivo: “Cada um tem uma dificuldade, cada um tem um ponto onde pode se parecer mais vulnerável, mais frágil. Isso precisa ser acolhido, entendido, e principalmente abordado com carinho”.

OS MALEFÍCIOS A LONGO PRAZO

Caso os responsáveis não ajam da melhor forma, isso pode certamente afetar o psicológico do pequeno, que pode reverberar no futuro.

“Já tivemos muitos casos de jovens que se sentem pressionados, criticados, julgados, sem apoio nenhum da família ou do responsável, e isso, na maioria das vezes, começa justamente na infância”, explica. Com isso, o jovem pode desenvolver sintomas como:

• insônia;
• reações psicossomáticas;
• medos;
• angústias;
• inseguranças;
• dificuldade de interação;
• déficit de atenção;
• depressão;
• ansiedade;
• crise de pânico;
• isolamento.

OS BENEFÍCIOS AO LIDAR DA FORMA CORRETA

Segundo Ladislau, são muitos os benefícios que as crianças podem experimentar quando elas conseguem ter a ajuda dos pais durante todo esse processo de vida acadêmica, entre eles estão:

• segurança;
• coragem;
• autoestima;
• cabeça aberta;
• autonomia;
• posicionamento;
• boas relações.

“Isso ocorre porque, se elas percebem que têm ali um apoio, a tendência é que se sintam mais seguras e, com isso, conseguirão assimilar muito mais o aprendizado que está sendo passado. É muito importante essa ajuda dos pais, essa presença mais intensiva e esse acolhimento”, finaliza a especialista.

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